A história do Rock’n Roll
By Celso Ghebz Ghelardino Gutierre

A finalidade deste ensaio era tão somente, ao estilo jornalístico, descrever a história de um gênero musical, todavia tornou-se impossível não mencionar o seu efeito social.
Pesquisando sobre as origens do Rock eu acabei confirmando que nada é por acaso. Descobri que através de um ritmo musical aconteceu a aproximação de duas cores, não somente como amálgama de ritmos, mas de pessoas. Iniciou-se a lenta dissuasão sobre a segregação racial. Respeitando o livre arbítrio com que fomos presenteados, Ele fez com que notas musicais, tocadas mais rapidamente, proporcionassem espontaneamente a liberdade que ultrapassou a harmonia musical para aproximar e derrubar as barreiras entre irmãos.
Ainda hoje, depois de ter visto tantas provas, me surpreende como Ele faz o arranjo das coisas por aqui...
Mas, vamos a história que eu me propus contar.
O Rock é muito mais do que um estilo musical, assim como ajudou na conquista dos direitos da igualdade racial, derrubou barreiras com sua música, letra e atitudes e, por isso, a identificação com os jovens foi imediata.
Como surgiu? Quem criou?
No século XIX no sul dos Estados Unidos surge um ritmo, manifestando o sofrimento escravo através do canto triste do “Blues”. Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, chamada de “Race Market”, música feita por negros para negros. Até que em 1945 Cecil Gant, um soldado grava “Cecil Boogie” abrindo caminho para “The Honeydripper” com Joe Liggins com um ritmo tão contagiante que, quando tocada em clubes fazia todos dançarem.
Por essa época surge o “Jump Blues”, com um ritmo mais rápido que o “Blues” tradicional e simultaneamente o lendário Muddy Water introduzia a guitarra elétrica. Gradativamente é acrescido o country, o gospel, o jazz como música raiz, naturalmente já era parte intrínseca.
Em 1949 a revista Billboard substitui as denominações preconceituosas, tais como, Race Market, Race Record, Race Music e outras parecidas, para “Rhythm Blues”.  Ocorre o lançamento de Rock in the Joint, com Jimmy Preston e Rock Awhile, com guitarra elétrica e piano tocado em ritmo Boogie Woogie, que são consideradas as primeiras de Rock and Roll, enquanto há quem considere que seja “Strange Things Happening Every Day” gravado por Sister Rosetta Tharpe, chamada por alguns de mãe do Rock. Todavia, eu considero, assim como a maioria, que o primeiro Rock foi a música “Rocket 88”, gravada por Jackie Brenston, grande sucesso em 1951.
O nome Rock’n Roll já havia aparecido antes, em 1942, na revista Billboard ao descrever a música “Rock Me” da já mencionada Sister Rosetta Tharpe. Porém o nome tornou-se popular graças ao DJ Alan Freed em 1951, que em seu auditório juntava jovens brancos e negros quebrando a segregação do racismo.
Com o sucesso de Rocket 88, várias gravadoras passaram a investir nesse tipo de música. Mas a “coisa” aconteceu em 1954 através de alguns acontecimentos.
Um jovem de 16 anos, em Memphis Tennessee grava um disco com a música “That’s all Right”;
Charles Edward Berry – faz sucesso tocando sua guitarra e cantando em Saint Louis – Missouri;
A música “Shake, Rattle and Roll”, fica 32 semanas no topo das paradas em Nova York.
O jovem de 16 anos é Elvis Presley, Charles Edward Berry é Chuck Berry, e a banda que fica 32 semanas no topo é Bill Haley in the Comets.
Bill Haley grava Rock Around the Clock, talvez seja possível dizer que ela é o grito do Rock’n Roll, a música explode em 1955, como parte da trilha sonora do filme Sementes da Violência (estrelado por Glenn Ford). O filme é apresentando não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo tudo e assim o Rock ultrapassa as fronteiras norte-americanas.
Ainda em 1955 surgem Fat’s Domino com “Ain’t That a Shame” e Little Richard chega ao topo das paradas americanas com “Tutti Frutti”. Elvis passa a apresentar-se na TV e torna-se conhecido em todo o país.
Outro fato que ajudou muito, apesar de não ter nada com a música, foi o filme de 1955, que se identificou com a imagem e o comportamento dos jovens: “Rebel Without a Cause” com James Dean.
Chuck Berry lança 1956 “Roll Over Beethoven” e em 1957, “Johnny B. Good” um dos hinos do Rock’n Roll.
Ainda em 1956, Elvis aparece em rede nacional de TV e atinge 83% de audiência, também nesse ano lança seu LP que contém vários clássicos do Rock, entre eles “Blue Suede Shoes”.
Elvis tornou-se um dos ícones mais fortes do século XX, desde o início chamou atenção por sua voz com extensão de barítono e tenor.  Tanto Little Richard quanto Carl Perkins (cantor e compositor, inclusive de Blue Suede Shoes) afirmam da sua importância ao fato de ser branco e interpretar uma música considerada de negros. Richard afirmou em entrevista que, sem Presley o Rock não teria chegado onde chegou. Coincidência ou mais um arranjo Dele...
A partir daí Rock and Roll, baby... 

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