Há
muito tempo atrás, lá pelos idos anos 60, um homem deitado em sua cama, e que
já havia sido sapateiro – tal qual o personagem Martin no conto de Natal “Onde
existe amor, ali Deus está” de Leon Tolstoi –, observa, um tanto quanto
surpreso, no canto superior esquerdo, da parede de seu quarto uma pequena luz
azulada que se amplia lentamente até ganhar a forma de um anjo.
Rompendo
o silêncio, com voz intensa e grave, porém suave a ponto de ser adequada a
alguém que chega inesperadamente, o anjo lhe diz: - “A minha visita tem o
objetivo de convidá-lo a ajudar a manter viva a tradição de Papai Noel, pois
apesar de lendária ela é importante para a humanidade, por proporcionar
alegria, felicidade e encanto não apenas para as crianças, mas, também, para as
pessoas de todas as idades, e por isso essa lenda não pode deixar de existir.
Assim como eu o visito neste momento, outros emissários do Senhor, estão
visitando e convidando homens e mulheres em todos os rincões da Terra”.
Feita
uma pausa, para que o visitado se refizesse da surpresa, o anjo lhe pergunta se
gostaria de acompanhá-lo à uma viagem astral, onde ele conheceria mais detalhes
sobre o assunto.
Sem
perda de tempo aceita e se prontifica a seguir o visitante. Segurando em uma das mãos do anjo sente seu
corpo se elevar do chão e volitando é levado rumo ao firmamento. Olhando para
trás vê o Planeta Azul ficar cada vez mais distante, enquanto à frente o
caminho é percorrido através de estrelas cintilantes.
Em
instantes avista uma bela e aconchegante cidade, com avenidas largas e
arborizadas cujas construções seguem estilo conservador e de uma leveza
convidativa.
O
anjo pousa em amplo jardim onde situa-se construção de grande proporção, com
três andares e que ocupa todo o quarteirão, suas paredes externas apresentam
acabamento misto de tijolinhos e reboco branco, com muitas janelas. O edifício
situa-se bem no centro de um jardim florido e de frondosas árvores. Seu
interior é simples e agradável, e percorrido seu amplo salão de entrada há uma
porta bipartida que permite acesso a um anfiteatro, onde milhares de seres
luminosos vibram, segundo explica-lhe o anjo que o acompanha, pensamentos de
amor, tolerância, perdão, caridade que, especialmente no final do ano, ajudam a
criar a atmosfera que envolve as pessoas durante o período do Natal.
Extasiado
com o relato e ao som de uma música tão bela que nunca havia ouvido nada
parecido aqui na Terra, pergunta ao anjo: - Como posso eu ser útil a uma obra
de tal magnitude? O Anjo sorri satisfeito diante da manifestação sincera de
humildade e responde: -“Você saberá o que fazer, sua intuição lhe dará a
resposta”!
Porém
agora Miguel eu lhe pergunto se você está disposto a manter acesa a chama, a
alegria do espírito de Natal, através desse velhinho carismático que encanta
gerações e gerações. Embora surpreso, ele aceita sem pestanejar essa
responsabilidade em sua vida.
Recebendo
com uma missão Divina o convite que o anjo lhe havia feito ele, da sua maneira,
procura levar alegria e felicidade através daquilo que artesanalmente passou a
criar infalivelmente todos os anos.
E,
assim aproximadamente em maio e junho de cada ano, após chegar do seu trabalho,
punha-se ele a construir as decorações que usaria no Natal. Eram guirlandas,
renas, trenós e tudo aquilo que pudesse deixar a decoração mais bela e que por
sua vez juntava-se à sua árvore de natal que era linda; não tinha mais do que
um metro de altura, mas com galhos tão perfeitos que deixavam dúvidas se não
eram um pinheiro real. Os enfeites, importados e pintados à mão sobre uma fina
camada de vidro, eram de rara beleza; no lugar das tradicionais luzes eram
usadas pequenas velas trabalhadas e coloridas, montadas sobre castiçais de
latão com prendedores que as fixavam em cada ponta de galho, e que eram acesas
às 24 horas da véspera de natal; a neve era artisticamente moldada em algodão
para que representasse a neve escorrendo pelas folhas – o efeito era
impressionantemente realístico.
Foi
assim que ele recebeu com uma missão Divina, a de levar alegria e felicidade
através daquilo que ele artesanalmente criava todos os anos infalivelmente, da
alegria que extravasava, e que contagiava a todos, nesse período, que para ele
iniciava-se meses antes do Natal.
Muitos
anos mais tarde, já velhinho, ele foi chamado para fazer parte do reino em que
ele serviu.
Quando
lá chegou encontrou um velho amigo... era o anjo que o convidara para servir ao
Senhor.
Com
um grande sorriso o anjo lhe diz: Miguel você cumpriu sua missão com
brilhantismo, receba os louros da sua obra, pois conseguiu levar alegria e
felicidade. Parabéns, seja bem-vindo!
E,
assim Miguel tornou-se o próprio espírito de Noel aqui na Terra.
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